Neste segundo e último programa, na série que lembra os 50 anos da morte de Antonio Maria, Joaquim Ferreira dos Santos mostra as relações conflituosas entre o compositor de samba-canção, o grande produto musical carioca na década de 1950, e os novos donos da MPB, os garotos da bossa nova.
Estes achavam que aquela história de “ninguém me ama” já era. Os tempos eram outros. As moças estavam dispostas a amar com mais facilidade, sem mais aquela dos amores proibidos e complicados das canções do pernambucano. Sai de cena a luz do abajur lilás e entra o sol do Arpoador.
Na verdade, a produção de Antonio Maria tinha muitos pontos em comum com a bossa nova. Seu texto, embora falasse de amores sofridos, era elegante e sem os exageros do bolero do período.
Prova de que não havia necessidade daquele clima de antagonismo, provocado principalmente por Ronaldo Bôscoli, é que Maria foi parceiro de Vinicius de Moraes, Luiz Bonfá e Ismael Netto, compositores bem recebidos pela garotada da bossa nova.
Entre as músicas deste segundo programa está Valsa de uma cidade, parceria de Maria com Ismael Netto, lançada em 1954 e que antecipa em quatro anos o movimento que mudou a música brasileira. Dick Farney e Sylvinha Telles, astros da bossa nova, também gravaram Maria, assim como Caetano Veloso gravaria anos mais tarde. Todos estão neste programa em louvor do grande compositor e cronista pernambucano.
Ao final, um trecho de Paulo Gracindo e Clara Nunes no show Brasileiro: Profissão esperança, apresentado no Canecão, em 1974, com textos e canções de Maria.
Músicas
O amor e a rosa (Antonio Maria/Pernambuco) – Maysa
Suas mãos (Antonio Maria/Pernambuco) – Silvia Telles
Quando tu passas por mim – (Antonio Maria/Vinicius de Moraes) – Cristina Buarque
Valsa de uma cidade (Antonio Maria/Ismael Netto) – Dick Farney e Caetano Veloso
Madrugada, três e cinco (Antonio Maria/Ismael Netto/Reinaldo Dias Leme) – Nora Ney
Sem couvert (Antonio Maria) – Paulo Gracindo e Clara Nunes
Roteiro e apresentação: Joaquim Ferreira dos Santos
Edição e sonorização: Filipe Di Castro