Rogério Duprat

Já não somos como na chegada – Os 50 anos de “Tropicália ou Panis et circencis”
Fred Coelho e Pedro Duarte, estudiosos do histórico Tropicália ou Panis et circencis, dissecam o álbum, faixa a faixa, em conversa conduzida por Eucanaã Ferraz. Aprofundamento e clareza caminham juntos ao longo dos 13 capítulos.
14.08.2018

Capítulo 1 – Miserere nobis
O título em latim evoca a religiosidade que marca a formação dos jovens baianos. Mas a faixa inicial tem uma força, resumida no verso “Já não somos como na chegada”, que significa: “viemos para ficar”, como interpretam Fred Coelho e Pedro Duarte.
14.08.2018

Capítulo 2 – Coração materno
A interpretação séria, feita por Caetano Veloso, da canção absurda de Vicente Celestino, mostra que o melodrama e o passado do rádio também teriam vez no tropicalismo. A tradição popular se mistura com a sofisticação da bossa nova.
14.08.2018

Capítulo 3 – Panis et circenses
A canção é sarcástica com “as pessoas da sala de jantar”, que podiam ser as que apoiavam a ditadura civil-militar. Mas também eram as que consumiam a cultura de massas na TV, onde Caetano e Gil apareciam provocativamente ao lado de Chacrinha.
14.08.2018

Capítulo 4 – Lindoneia
A canção é a única participação de Nara Leão no disco, em cuja capa ela aparece numa foto inserida na moldura vazia que Caetano segurava. O episódio aborda várias camadas da música, inclusive a política.
14.08.2018

Capítulo 5 – Parque industrial
O Brasil desenvolvimentista e industrializado não acaba com as estruturas políticas e sociais atrasadas do país, podendo até reforçá-las. A superposição entre moderno e arcaico é o tema da canção de Tom Zé e do olhar crítico dos tropicalistas.
14.08.2018

Capítulo 6 – Geleia geral
Na canção-manifesto de Gil e Torquato, o tropicalismo não prega que o Brasil vire uma geleia geral, mas aponta que ela já é a realidade de um país marcado por contradições profundas. O episódio também analisa as referências da letra.
14.08.2018

Capítulo 7 – Baby
A única canção solar do disco, na opinião de Fred Coelho e Pedro Duarte, retrata de modo brilhante a vida urbana e juventude de 1968, sendo fortemente assertiva: “Você tem que saber”. Também se contrapõe a Carolina, de Chico Buarque.
14.08.2018